domingo, 4 de novembro de 2012

"Parecia haver uma semelhança subjacente em todas as expressões que Ralph via - um acorde comum - e ele achou que sabia o que era: todos estavam sofrendo daquilo que na sua infância chamavam de melancolia, e melancolia era apenas uma palavra difícil para depressão.
[...] A pessoa ia atravessando o dia, às vezes sentindo-se ótima, outras, apenas razoável, mas tocando para a frente e dando conta de suas tarefas... e então, sem nenhuma razão palpável, a pessoa se incendiava e despencava do céu. Uma sensação de Para que tudo isso, droga? a invadia - independentemente de qualquer ocorrência real naquele momento mas, mesmo assim, incrivelmente forte - e a pessoa tinha vontade de voltar correndo para a cama e esconder a cabeça debaixo das cobertas.
Talvez seja isso que provoca tais sentimentos, ele pensou. Talve seja topar com uma coisa dessas - a iminência de muitas mortes ou de luto, aberta como um toldo de banquete feito de teias e lágrimas ao invés de lona e corda. Não o vemos, não no nosso nível de Vida-Curta, mas o sentimos. Ah, isso sentimos. [...]"

O que salva o ser humano do suicídio é a curiosidade.