sábado, 24 de setembro de 2011

não tenho vontade de fazer nada
nem de fazer nada
porque nada 
é algo

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

eu, a solidão e o armário da cozinha
amor e ódio


segunda-feira, 19 de setembro de 2011

um café
dois cafés
três músicas
quatro cafés
cinco quilômetros
dez quadras
quatrocentas viagens

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

rimos, choramos
falamos
expressamos
mesmo quietos
expressamos
e todos somos de Marte
de alguma forma

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Olhe de novo

- Eduardo vai tomar banho! Eduardo vai tomar banho! Eduardo vai tomar banho! Eduardo vai tomar banho! Eduardo vai tomar banho! Eduardo vai tomar banho! Eduardo vai tomar banho! Eduardo vai tomar banho!
Olhe, é isso que se escuta todos os dias. Não necessariamente com essas palavras, mas sempre uma repetição histérica do nome do pobre Eduardo.
Mas quem é o Eduardo? Bem, os vizinhos andam preocupados, achando que deve ser o filho da maluca. A questão é que nunca há resposta ou reclamação da parte dele. Seria um menino mudo?
A maluca se diz delegada, volta e meia aparece nos bares e mercadinhos dando alguma notícia que ninguém releva, afinal, mesmo sem conhecer um fio de cabelo da dita cuja, sabem que qualquer coisa vinda da dona Andréia é invencionice.
Olhe de novo.
Eduardo é sim o filho da maluca.
O que ninguém sabe é que ela o afogou há duas semanas e trata o cadáver como se estivesse vivo. Tenta dar comida e bate nele quando se recusa a comer. Põe a criança roxa e estufada para dormir todas as noites. Briga com ele toda vez que faz uma travessura. Troca as roupas. Até manda ele tomar banho, mas ele nunca vai...
Olhe de novo!