sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

no bairro pequeno
o mercado
a janela da dona Maria
o bar
a praça
são os pontos de convergência
e divergência
da vida alheia
que nunca será privada
não no bairro pequeno

sábado, 12 de novembro de 2011

almoço calado
inseto parado
colchão alado
sonho dobrado
maldito amado

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

não sei se sobrevivo até amanhã
se eu morrer, por favor, leia a carta
e enterre minha caixinha de lembranças junto
e não me enterre em um caixão
e plante um baobá em cima de minha cova
e doe todos os meus órgãos
e contem tudo sobre mim
tudo para todos, para que não restem dúvidas de  nada
por favor contem tudo
inclusive os podres
porque os podres do passado nada serão quando comparados à podridão do meu corpo
e do meu coração falido

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

chega a ser engraçada a forma como está tudo bem e de repente tudo volta a seu estado de decadência e faz pensar se existe felicidade ou se é só tristeza se tudo passa ou se é predestinado que vá sempre dar errado e que não seja nunca possível entender nada e que tudo seja independente e que todos finjam e que todos tentem e se acabem de tanto tentar e jamais consigam porque na verdade não existe verdade e muito menos estabilidade e muito menos felicidade e talvez a estabilidade seja mesmo chata e seja necessária a instabilidade para que aconteça a vida porque não existem momentos bons se não se sabe como são os momentos ruins e afinal a vida é feita de momentos ruins com alguns pouquinhos bons para que no final seja um arrependimento geral por não ter aproveitado os bons e guardado rancor e não saber enxergar que o único ser que estará sempre ao seu lado não é seu cachorro e sim você mesmo porque as outras coisas não existem nada existe só você sua consciência e as combinações de interpretações possíveis não se iluda não tem nada disso que te prometeram ELES ESTÃO TE ENGANANDO 

domingo, 16 de outubro de 2011

roses are red
violets are blue
I may be sad
but still I'm true

sábado, 15 de outubro de 2011

você está ali e de repente não está mais
vem e logo vai embora
e volta
e não volta
eu sempre espero
sempre
todos os dias
eu penso muito
você esquece fácil
e, ao que me parece, esqueceu quase que de propósito
e indefinidamente
e sem motivo aparente
e sem aviso prévio
só foi
e não voltou
e não parece que vai voltar
talvez seja melhor que vá de uma vez
só dê uma passadinha aqui
pra me avisar

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

I made that for you so you could have a colorful memory 
of the good times we were supposed to have
but it seems like you ignored
and kept my grey part
and don't want to see
the colors I try to
give you all
the time

domingo, 2 de outubro de 2011

a música ruim
band-aids
OB's
todas têm muita classe
e querem todos
e só vão lá para isso
e só vivem para ir lá
e só comem para viver
e só vivem pra comer
e depois vomitar
depois do porre
depois do doce
da gula

sábado, 24 de setembro de 2011

não tenho vontade de fazer nada
nem de fazer nada
porque nada 
é algo

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

eu, a solidão e o armário da cozinha
amor e ódio


segunda-feira, 19 de setembro de 2011

um café
dois cafés
três músicas
quatro cafés
cinco quilômetros
dez quadras
quatrocentas viagens

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

rimos, choramos
falamos
expressamos
mesmo quietos
expressamos
e todos somos de Marte
de alguma forma

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Olhe de novo

- Eduardo vai tomar banho! Eduardo vai tomar banho! Eduardo vai tomar banho! Eduardo vai tomar banho! Eduardo vai tomar banho! Eduardo vai tomar banho! Eduardo vai tomar banho! Eduardo vai tomar banho!
Olhe, é isso que se escuta todos os dias. Não necessariamente com essas palavras, mas sempre uma repetição histérica do nome do pobre Eduardo.
Mas quem é o Eduardo? Bem, os vizinhos andam preocupados, achando que deve ser o filho da maluca. A questão é que nunca há resposta ou reclamação da parte dele. Seria um menino mudo?
A maluca se diz delegada, volta e meia aparece nos bares e mercadinhos dando alguma notícia que ninguém releva, afinal, mesmo sem conhecer um fio de cabelo da dita cuja, sabem que qualquer coisa vinda da dona Andréia é invencionice.
Olhe de novo.
Eduardo é sim o filho da maluca.
O que ninguém sabe é que ela o afogou há duas semanas e trata o cadáver como se estivesse vivo. Tenta dar comida e bate nele quando se recusa a comer. Põe a criança roxa e estufada para dormir todas as noites. Briga com ele toda vez que faz uma travessura. Troca as roupas. Até manda ele tomar banho, mas ele nunca vai...
Olhe de novo!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

As pessoas andam na rua com seus sapatos de couro legítimo
Chove, e elas pisam nas poças com seus sapatos que não vão estragar porque são de couro, molhando as barras das calças
O que elas não sabem é que estão pisando no esgoto que vazou da casa ali do lado e não na água da chuva
E nem percebem que levam a merda pra casa o tempo todo.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

No consultório oftalmológico

Caminhando na chuva, molhando os pés.
"Porcaria, vou ficar com os dedos encharcados nesse frio até a noite."
Encontra o prédio.
"Nossa, que coisa de outro mundo, nem parece a minha cidade... chique."
Entra no consultório.
"Definitivamente, coisa de rico. O que eu estou fazendo aqui?"
Assinar os documentos, sentar no banquinho para fazer o tal do teste...
- Olha fixo pra máquina, vai soltar um ventinho no teu olho.
"Ventinho? Ok..."
A máquina libera um jato de ar diretamente no olho. Leva um cagaço.
"MAS O QUE?"
Volta, aguarda, consulta, vai ter que fazer dilatação, pinga um colírio.
"Nossa que sensação engraçada, estão drogando meus olhos, como é que é isso, gente? Está ficando bem pesado para mexê-los....(risos internos)"
Sorri, espera que ninguém perceba que está sorrindo para nada.
- Vou pingar um colírio aqui, fica com os olhos fechados por um minutinho.
"Espera aí, tem outro?"
Espera o efeito, nada acontece.
"Será que eu sou resistente ao colírio?"
- Vou pingar mais um colírio, desta vez fica com os olhos fechados por dois minutos.
"Mas o que... AAAAAH ISSO ARDE!"
- Ouch!
- Dói, né? - diz o homem da cadeira ao lado, passando pelo mesmo procedimento.
"Ok, não deve ter mais nenhum... vou esperar aqui e que esse negócio funcione. Homem lendo de olhos fechados? Mas como assim? E essas pessoas lendo a revista Caras? Não, é sério, não tem nada que preste na Caras. Por que diabos me interessaria a aparência do quarto do filho do Bruno e Marrone? Digo, Marrone. É que não sei separar duplas sertanejas. Por que aquela mulher levanta tanto a expressão para ler? Isso não é desconfortável? Passou uma mulher bonitona. Olhou pra bunda dela que eu sei, campeão. Ok, vamos trocar de música aqui e... EU NÃO ENXERGO NADA DO IPOD!"
- Marília, vamos fazer o exame?
"Um olho está mais embaçado que o outro... isso não deveria ser assim, suponho..."
Bate umas fotos com um flash que atravessa a alma, volta pra sala de espera.
"Estou ceguinha pra ver de perto. Será que minhas pupilas dilataram muito? Vou ver no reflexo do celular. Ai nossa, que isso? Uma está maior que a outra!"
- Marília, vamos fazer mais um teste?
"Mais um?"
- Vou pingar esse anestésico nos teus olhos agora...
- Para?
Moça com cara de "eu nunca tive que responder isso".
- Para encostar uma sonda no teu olho.
Piga o milésimo colírio. 5 segundos depois vem com a tal da sonda.
"Tá, o bagulho já fez efeito? Essa porra vai doer!"
Encosta a sonda, não sente nada.
"Ok. Isso foi MUITO legal."
Volta pra sala de espera, toca dentro do olho, íris, pupila, tudo, sem sentir nada. Ri sozinha.
"Isso é muito legal, devia ficar por muito tempo. Nossa que coisa legal. Será que o cara aqui do lado achou legal também? Vou perguntar. Tá, não vou perguntar. Mas que é legal é."
Fica na sala de espera se segurando pra nao cair na gargalhada sozinha, afinal ia ser um pouco estranho uma pessoa rindo muito ao tocar o próprio globo ocular...




sábado, 18 de junho de 2011

Você anda pela rua e cruza o olhar com uma pessoa qualquer.
O que teriam em comum? Nasceram no mesmo lugar, têm parentes com o mesmo nome, têm o mesmo nome, têm parentes distantes em comum, o mesmo sobrenome, fazem aniversário no mesmo dia, no mesmo mês, moram no mesmo lugar, pegam o mesmo ônibus, compartilham a mesma opinião, têm a mesma doença?
Daqui há alguns dias, meses, anos, irão encontrar-se, ter um caso de amor, odiar-se, tornar-se grandes amigos?
Vocês já se cruzaram antes? Vai acontecer novamente?
Ou esse pensamento todo foi em vão, já que é uma pessoa que tem absolutamente nada em comum com você?
Existe pensamento em vão? Existe uma pessoa que tem absolutamente nada em comum com você?

domingo, 29 de maio de 2011

terça-feira, 24 de maio de 2011

Se fizeres em mim acordes
Para ti serei piano
Meus dedos teclas
Seus dedos em teclas
Tocaremos juntos
Eu piano e você forte
Mesmo piano serei forte

sábado, 21 de maio de 2011

Será que alguém com o meu nome já pensou o mesmo que eu no momento em que eu estava pensando e fazendo a mesma ação que ela se encontrava fazendo? Afinal, não sou só eu que tenho preferência pelo banco alto do ônibus.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

terça-feira, 26 de abril de 2011

A clássica janela de ônibus

Entro no ônibus, bom dia, sento no mesmo banco de sempre, vejo todos que entram, quer que eu segure sua bolsa? Escuto música, danço com a cabeça, canto só com os lábios, como tá cheio esse ônibus, será que esqueci alguma coisa em casa? Prova na primeira aula, vou matar a primeira aula pra estudar música, ai que agonia essa vida passando e me atormentando parece até um furacão, que coisa essa senhora sempre com essa cara de coitada, mas por que será que essa moça traz essa sacola toda vez? De onde vem toda essa gente, pra onde vai, onde mora, qual seu nome, vamos ser amigos, por que todos me olham com essa cara? Eu só tropecei, caí de joelhos e estava de vestido, não tem nada de mais, acontece com todo mundo. Não, é sério, será que aquele cara é pedófilo? Sempre me pergunto se todo mundo aqui presente é tão religioso quanto parece, tanto quanto as saias jeans na altura dos joelhos que fazem estas senhoras passarem frio no verão e calor no inverno, ou seria o contrário... Ônibus é uma coisa tão louca, passa tanta coisa nele quanto passa pela minha cabeça quando estou nele, que viagem, dá tempo de pensar até na morte da bezerra lá no interior da cidade da mãe do maestro, que por sinal é um gênio e é nessas horas que eu vejo o tamanho do meu foco quando estou pensando na vida ao olhar através desta janela, me distraindo com as faixas brancas do lado da estrada e observando o sol tomar conta do dia enquanto eu me pergunto se devia ter saído de casa de shorts, afinal, saindo de casa está frio, quando chega na rua está mais frio ainda (devia ter pego mais um casaco) , depois vai esquentando (não devia ter vindo de casaco) até que morro de calor (devia ter vindo de shorts) e passo frio novamente a tarde, ai meu Deus, não acredito, passei do ponto, como é que eu vou fazer agora?

terça-feira, 12 de abril de 2011

segunda-feira, 28 de março de 2011

Veja bem, é relativo.

O pessimismo é sempre visto como ruim, mas veja bem:
Se você for pessimista e achar que vai dar errado, o que vier é lucro e o que não vier já era esperado.
Se você for otimista e achar que vai dar tudo certo, quando algo sair errado você é inundado por uma decepção terrível. Em compensação, se for mesmo otimista, vai ver o lado bom de determinada situação não ter saído como deveria.
Seria a tendência dos pessimistas tornarem-se otimistas com o tempo?
Eles começam a perceber que as coisas também podem dar certo, começam a enxergar o "lucro" e aí vão acreditando, aos poucos, no funcionamento favorável de tudo.
Teriam os otimistas dois destinos?
Uns continuam a ser otimistas por permanecerem na visão do lado bom.
Outros começam a perceber que as coisas também podem dar errado, enxergam as decepções e aí vão acreditando, aos poucos, no mau funcionamento de tudo (e, consequentemente, tornam-se pessimistas que futuramente serão otimistas com dois possíveis destinos).
Tudo nos leva a crer que sempre existirão os dois tipos de personalidade.
Mas aí você se pergunta:
"Não chegaria um momento que existiriam só otimistas?"
Não, os otimistas que supostamente permaneceriam otimistas também terão decepções que os tornarão pessimistas. Além do mais, há pessoas nascendo a cada segundo.
E claro, ninguém é 100% otimista ou pessimista, assim como nenhum dos dois é 100% bom ou ruim.

sábado, 26 de março de 2011

Paradoxo

Você entra no ônibus e vê uma pessoa do seu bairro.
"Ah, que bom, quando eu chegar no terminal vai ter ônibus pra casa"
A pessoa vê você entrar no ônibus.
"Ah, que bom, quando eu chegar no terminal vai ter ônibus pra casa"

quarta-feira, 2 de março de 2011

- Oi.

- Oi.
- Sabia que eu comprei uma caixa de leite estragado ontem?
- O que tu fez?
- Fui trocar, né.
- Mas e o que aconteceu?
- Ah, fiz o maior rolo, no fim tinha segurança me segurando pra não bater naquela loira azeda da gerência, não sei porquê ela não quis simplesmente trocar, aquela mão de vaca! Berrei horrores dentro do supermercado, chegou a imprensa e a polícia, tentaram me prender, eu saí correndo e entrei no carro. Começou uma perseguição pela via expressa com cobertura da RBS de helicóptero e tudo! Conseguiram me prender, mas eu fugi e agora estou aqui.
- Sério?
- Não.
- Ah.
- Sabia que eu comprei uma lata de atum estragado ontem?